Temos defendido que a Nova República não é uma mera troca de texto constitucional ou de leis. É essencialmente um novo espírito que tem de se reflectir em todas as áreas.
Uma das áreas fundamentais é a economia. Este, e os próximos, são os anos da Economia em Angola, e para terem sucesso há que apresentar um novo modelo económico adequado à realidade.
Hoje está esquecido que a África pós-independências nos anos 1960s começou por ter assinalável sucesso económico, imitando os modelos asiáticos. Foi só a partir de 1975, fruto do choque petrolífero e das várias convulsões internas e mundiais que o continente começou a sua caminhada rumo ao descalabro económico. Anos de socialismo marxista só trouxeram pobreza e miséria, enquanto anos de receitas demasiado liberais propostas pelo FMI (que muitas vezes não as aplica nos países Ocidentais) apenas criaram pequenas bolsas de crescimento que não se traduziram num progresso real.
A via para a Nova Economia Africana tem de ser um via mista, semelhante à reconstrução europeia do pós II Guerra Mundial, em que o Estado e o sector privado criem condições de colaboração para o estabelecimento de instituições económicas que funcionem, empresas, escolas de gestão, mercados, etc, ao mesmo tempo que uma operação conjunta faz crescer a economia. Não se pense que o Estado pode ser responsável por tudo, mas não se acredite que apenas o mercado (que muitas vezes não existe) tudo fará. Temos de pensar num Estado Empreendedor como propõe Mariana Mazzucato. Ela argumenta que o governo deve financiar a maior parte da investigação e desenvolvimento inicial que o sector privado capitaliza. Também argumenta que as despesas governamentais estratégicas desempenharam um papel fundamental no estímulo ao crescimento económico ao longo da história. Um dos exemplos que dá é o iPhone, que muitas vezes é visto como fruto da mente genial de Steve Jobs e da empresa que ele ajudou a se tornar uma marca global de biliões de dólares, a Apple. Porém, muitas das tecnologias mais marcantes do aparelho são fruto de pesquisas financiadas pelo estado americano, como a tela sensível ao toque e a assistente virtual ativada por voz, Siri.
É este tipo de Estado Empreendedor e aliado ao sector privado que deve ser a base da Nova Economia na Nova República.