A dúvida

ByKuma

6 de Janeiro, 2024

É estranho, muito estranho, confesso até as minhas dúvidas, perante os intrigantes acontecimentos que o tempo vai revelando, e que colocam em causa a honorabilidade da justiça, e a dignidade do Estado Democrático de Direito.

É visível e descaradamente factual a promiscuidade que emana da relação judicial e diplomática, em tudo que envolve cidadãos arguidos em tramas que envolvem a tutela dos Ministérios Públicos de Angola e Portugal.

A ideia enraizada no cidadão comum, é que o dinheiro roubado em Angola tudo compra em Portugal, e em Portugal tudo se consegue com dinheiro corrupto, branqueando as mais descaradas falcatruas.

Isabel dos Santos, já muito depois do arresto dos bens, vendeu ações, negociou a EFACEC, transacionou o Banco BIC Europa, continua a NOS, e tem ainda rendimentos imobiliários, enfim, continua a pagar impostos em Portugal.

Os patrimónios colossais de Manuel Vicente, Kopelipa, Higino Carneiro, Álvaro Sobrinho, em Portugal continuam intocáveis, e quando foi preciso parar o irritante de Manuel Vicente na justiça portuguesa, o PGR de Angola deslocou-se a Lisboa e resolveu. Resolveu o quê? Resolveu não resolver nada.

A UNITA continua com delegação política em Portugal, a sua ação vai muito além do associativismo cultural, faz oposição declarada contra um Governo democraticamente eleito, financia um activismo subversivo, sente impunidade e, pasme-se, tem por vezes a cumplicidade da embaixada de Angola em Lisboa.

Angola tem vultuosos investimentos estratégicos em Portugal, alguns confundem-se por conveniências pessoais, essa ambiguidade alimenta chorudamente escritórios de advogados, creio ser conveniente tornar público essas participações para que não haja benefícios colaterais de oportunistas dos dois lados.

Também esta transparência pode e deve estar na perspectiva da mudança de paradigma nos fundamentos de uma Nova República.