Durante algum tempo apelidámos os indivíduos supostamente filiados no partido do governo, mas contrários ao movimento reformista de João Lourenço, como “santistas”, outros chamavam-nos “eduardistas”. E de facto, por altura das eleições de 2022, houve uma espécie de aliança entre a Unita-Acj e todos os descontentes do MPLA ligados ao passado. Ficou claro que a vitória da Unita-Acj era a vitória dos “eduardistas” ou “santistas”.
Contudo, tudo se desmoronou após a derrota difícil dessas forças. Cada um foi para o seu lado.
A Unita-Acj entrou na deriva guerrilheira de duas faces em que tem andado, e os “santistas” dividiram-se. De um lado, a família de José Eduardo dos Santos parece ter optado por uma estratégia de “esperar para ver”. Tchizé publica fotos a tomar chá, a namorar e com frases “profundas”. Isabel cultiva uma postura de influencer da moda dos bikinis, deixando circular rumores que um dia voltará a Luanda como candidata a Presidente da República.
Mas do outro lado, um grupo de membros antigos do MPLA, ex-ministros, ex-empresários-políticos e descontentes engendram conspirações diárias para afastar Lourenço. Não lhes interessa nada José Eduardo ou as suas filhas, ou mesmo o seu legado. Andaram para a frente, e com hipocrisia só falam no pós-Lourenço. O mais tardar em 2027 querem-se ver livres de João Lourenço. Vão dizer que não é possível terceiro mandato, vão acenar com um belo apartamento no Dubai, e conspiram já para o pós-lourencismo, fingindo-se cordeiros.
Basta olhar para os nomes de alguns dos ilustres palestrantes dum Congresso de Direito Constitucional que vai acontecer para a semana, para perceber que no meio de vários eminentes juristas, se apresta a tropa de choque dos pós-Lourencistas, que certamente deixará os seus recados fingidos de respeito pelo Estado de Direito, impossibilidade de terceiro mandato e outras coisas mais, mas, no fundo, minando a política reformista de João Lourenço.