Simplificações importantes

ByAnselmo Agostinho

17 de Setembro, 2023

A simplificação, por vezes, é necessária para melhor espelhar a realidade e se perceber o que mudou. Não é que a simplificação se substitua à realidade que é sempre mais complexa, mas estabelece pontos de referência, que de outro modo seriam perdidos. Vem isto a propósito do novo tempo que se vive na política angolana e que as várias narrativas e actores não parecem perceber. Por isso, vamos simplificar para perceber.

No início da nação, o fundamental era a independência e a construção do Estado e da soberania. Esta foi a primeira fase da política angolana. Depois foi, naturalmente, a vitória na guerra civil. Ganha a independência e a guerra, o principal objectivo foi a paz e a unidade nacional. Assim, o país viveu focado entre independência, guerra e paz. O bem estar da população nunca foi, ou pode ser, o objectivo principal da política nacional. Foi sempre algo secundário. Isso até foi facilitado pelo facto de a riqueza nacional depender do petróleo e não do trabalho ou inovação da população. Era possível haver um país sem população…E assim aconteceu.

Só recentemente, e isso deve-se a João Lourenço e à crise petrolífera, os anseios da população passaram a ser importantes e a ser tidos em conta. Hoje todos dão isso como óbvio, quando nunca foi. Assim, a economia torna-se o principal ponto de referência da política nacional. Hoje o foco está na economia, no crescimento, no desenvolvimento e no bem-estar da população. Houve uma mudança.

É esta mudança, esta primazia da economia, que no fundo vem dar razão aos velhos, mas não praticados ditames marxista, que hoje domina o discurso político em Angola. É por isso que o MPLA parece fora do tempo. Não está preparado para se centrar na economia e continua a usar o discurso da guerra/paz que já não faz sentido para a população.

Não vale a pena falar da UNITA-ACJ que elabora uma estratégia que mais não é que o retomar da antiga guerrilha com novos métodos e novos aliados.

De um lado, temos um partido que não saiu do seu vitorioso mas anacrónico passado histórico, do outro temos o retomar da guerrilha com novas fórmulas. Não dá, quando o que se quer é pão, uma economia a funcionar e uma administração pública eficiente.

É por isso que é necessária a Nova República.