No meu chão ocre empoeirado, no caminho gentio com cheiro a capim verde molhado tantas vezes percorrido, palmilhei o paraíso entre a Serra da Munda e o Rio Kuiwa, Xiua Xiua Moenle, com fisga no bolso do calção da kaki, com pedras no bolso da camisa de riscado, descalço com caniço na mão e fio de nylon para pescar Bagre, Oko Suko Yangui.
O despertador era o sol da manhã que entrava pela janela, a brigada da amizade voltava com a chamada do relógio do céu, o inconfundível crepúsculo da cor do fogo anunciando que a noite não tardava. O banho na Celha com Sabão Macaco preparava o sono merecido em Colchão de Palha de Milho e almofada de Chipipa.
No dia seguinte pela manhã comia-se pão com pão, café apanhado no quintal e torrado no forno de barro, ao almoço pirão Pala Pala, Suanga, peixe seco que vinha amarrado com Londowe de Ombaka, preparado com Feijão Macunde.
Na Rebita a batucada marcava o compasso, tinha Kissangwa, Canjica, Catchipembe, até massaroca, e os Kafeco vestido de Xita estavam mais mior bonitos, uma gostusura. Festa mesmo festa tinha de ter Porrada, e a culpa era dela mesmo.
Jovens de Luanda, vocês que andam embriagados pelo ódio que vos cega, que estão a gastar o vosso tempo num filme de terror, emigrem para a Paraíso, vão ver onde nasce o Kwanza, o Cunene, o Keve, o Cuando, o Cubango, o Lucala, o Catumbela, o Longa, o Kuiwa, vão ver o ponto mais alto de Angola, o Morro do Moco, a Serra da Leba, o Morro do Ulombe, a Fenda da Tundavala, a Baía dos Tigres, as Anharas do Leste onde se apanha o Bagre e a Tuqueia, as Quedas de Kalandula, as Cachoeiras do Cuanza Sul, a Ilha dos Amores em Ékunha, escrevam o vosso tempo na História com Paz, Amor, Partilha, Desenvolvimento, de Conquista individual e colectiva, não vos deixeis instrumentalizar pelo ódio, pela ânsia de Poder, por gente alienada ao sangue alheio em proveito próprio, partilhem com mundo aquilo que é verdadeiramente vosso, unam-se ao Governo em busca do futuro, abraçando a dignidade e honorabilidade do Estado.
É na terra, na nossa terra, que está tudo quanto nos pode fazer feliz, de cinco em cinco anos, como adultos responsáveis, podemos mudar o rumo ou continuar, a escolha é nossa, há agitadores inconformados para quem a vida e a vontade dos cidadãos nada vale, são vendedores de ilusões que nem a terra deles conhecem, não conhecem porque só sentem bem em hotéis de luxo, em restaurantes premiados, escondem a sua ira por dentro de um fato e gravata do El Corte Inglês, e arrastam aromas de perfumes de Paris dos mais caros do mundo.
Jovens do tempo de agora, 48 anos de Independência, Guerra Civil em 1975 com apoio de Apartheid racista da África do Sul, Acordos de Paz sistematicamente falhados. A catástrofe de 1992 que levaram a mais 10 anos de Guerra. 2008 mesma postura de não aceitação de regras democráticas por parte da UNITA. Em 2017 o ruído ficou-se pela subversão verbal porque a humilhação da derrota militar aniquilou o belicismo do Galo Negro, embora os belicistas sejam os mesmos que desde 2022 andam em sabotagem permanente usando a intriga, a mentira, dentro e fora do País, e numa perene confrontação de desvalorização das Instituições do Estado Democrático de Direito.
Eu, você, nós, por uma Nova República…!!!