Grupo Carrinho está fora da gestão da Reserva Estratégica Alimentar (REA), de acordo com uma deliberação do Conselho de Ministros sobre Assuntos Económicos.
Nessa reunião ficou determinado que a REA deverá passar a ser exclusivamente gerida pelo Estado, na “pessoa” do Entreposto.
Imediatamente os espertos do costume apressaram-se a dizer que tal acontecia devido à proximidade do Grupo com o Presidente da República.
Uma imbecilidade, pois o grupo não é próximo do PR.
Falando sobre o que não sabe, Carlos Rosado insinuou que a REA tinha servido para concretizar objectivos políticos antes das eleições, mas que a equipa económica de então não sabia para o que servia a REA.
O curioso é que estas pessoas tentam virar contra o PR uma deliberação a que ele presidiu. Fazem sempre isto, se o PR tivesse ficado com o grupo Carrinho na REA, também criticariam.
Contudo, a verdade da saída do grupo Carrinho é bem diferente e liga-se a algo que um jornalista polémico, mas contundente, já explicou.
No essencial, que aqui resumimos, foi permitido que o grupo Carrinho gerisse a REA sem qualquer controlo, entregando-lhe várias centenas de milhões de dólares, cujo supervisão e fiscalização não foi assegurada pelos políticos responsáveis. Na altura, o ministro de Estado da Coordenação Económica e o ministro da Indústria e Comércio eram os políticos responsáveis, que foram, entretanto, exonerados.
Toda a estrutura de custos e a política de preços de todos os produtos da REA vendidos pelo grupo Carrinho dependeram do exclusivo processamento e controlo dela. Por isso, não se consegue ver se houve ou não lucro ou quais as margens de venda.
O grupo fez o armazenamento das cargas sem qualquer supervisão do Estado. Fez a venda e distribuição dos produtos sem qualquer fiscalização, sendo que o Estado se limitou a confirmar entrada de valores na sua conta do Banco Keve conforme comunicação do grupo.
Em suma, não existe nenhum controlo nisso.
Logo, sem um relatório e contas imparcial e devidamente elaborado é impossível apurar quanto foi recebido em divisas para o projecto REA até ao momento; quanto foi facturado de facto e se houve ou não mais-valia no negócio.
Importa sublinhar que os factos até agora apurados indicam que existe no caso REA uma “privatização da soberania”. Isto quer dizer que entidades estatais foram “capturadas” para fins privados.
É isto que está em causa na decisão do Conselho de Ministros. O Presidente da República mantém bem vivo o seu combate à corrupção. Tomara que os outros poderes soberanos seguissem o exemplo.