Como é habitual nos nossos dias em Angola, o coro dos maledicentes virou-se a uma voz para a desvalorização do Kwanza (na verdade, depreciação, mas não entramos em detalhes técnicos). Anunciaram catástrofes, os economistas avençados babaram-se a prever derrocadas, e no fim o Presidente foi vergastado com aquela alegria típica dos tolos.
Mas, há que parar e pensar. É evidente que todos os extremos merecem preocupação, uma extrema valorização do Kwnaza é má, como uma exagerada e abrupta queda.
Contudo, não é isso que acontece- o Kwanza tem potencialidades para estabilizar- e na realidade, uma moeda fraca ou desvalorizada não é algo de mau, ao contrário do que se apregoa.
Países como o Japão e Itália conseguiram o seu “milagre económico” após a Segunda Guerra Mundial que os destruiu apoiados numa moeda fraca. Por outro lado, Portugal tem-se arrastado desde a adesão ao Euro por ter entrado com uma relação muito elevada entre o então Escudo e o Euro. A moeda forte é um símbolo de machismo político, nada mais.
Em Angola, quem grita são os que utilizavam o Kwanza forte para gastar divisas no estrangeiro. Os que compram casas em Portugal em vez de apostar em Angola e nas suas províncias, os que querem continuar a controlar as importações de bens e impedem o sucesso da produção de alimentos locais (esteve muito bem Ismael Mateus no seu artigo sobre o tema) e demais especuladores de capitais. O Kwanza forte não é uma vantagem para o povo, mas para os párias do capital e aqueles que preferem investir noutros países em vez de Angola.
Existem muitas vantagens na desvalorização do Kwanza.
-Os efeitos da desvalorização, em geral, são positivos para as exportações, uma vez que estas recebem moedas de maior valor em relação à moeda local.
-Pode aumentar o turismo nacional.
-Pode levar a um aumento do consumo interno de produtos nacionais.
Há que analisar bem as consequências e os factos, antes de se embarcar nesta loucura que se espraia em Angola de dizer mal de tudo.