Com a visita a Angola do Primeiro Ministro de Portugal, havia perspectiva do ruído do circo mediático avençado, mas o estrondo ganhou decibéis e antecipação, pela entrevista concedida pelo Senhor Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço.
As visitas de Estado são, normalmente, o concretizar de negociações aturadas e decisões implementadas nos bastidores da diplomacia, a circunstância dá oportunidade para realçar, ou não, o momento das relações entre os interlocutores.
Angola e Portugal partilham uma língua, ambos com linguagens próprias que repercutem o contexto histórico cultural, embora haja outras afinidades culturais enraizadas em 500 anos de história comum. Come-se bacalhau em Luanda e Moamba em Lisboa, escuta-se fado em Benguela e dança-se kizomba no Porto.
Mas há os inadaptados, oportunistas, bandidos, e saudosistas presunçosos de uma superioridade moral e intelectual, daqueles que usam calças de linho branco com as cuecas borradas, usam perfume de Paris e cheiram a trampa.
O circo com tenda armada em Lisboa, açoita com corridinhos antigos, repetidos e gastos, preocupam-se com Manuel Vicente, mas protegem o padrinho Ricardo Salgado, acusam João Lourenço e silenciam-se sobre José Sócrates, apontam o dedo às Secretas Angolanas, e têm o SIS (Serviço de Informações e Segurança) do Estado, a perseguir cidadãos à meia noite por ousarem afrontar o Sistema em Lisboa. Falam da Justiça angolana, mas esquecem as dezenas de crimes de colarinho branco, corrupção ativa e passiva, que prescreveram ou estão em via de prescrição por morosidade e incapacidade da Justiça portuguesa.
Angola tem uma dívida pública de 60% do PIB, Portugal deve 300% do PIB, Angola tem petróleo e Portugal recebeu 100 biliões de Euros da União Europeia a Fundo Perdido para se desenvolver.
É compreensível todo este circo, jornalistas, paineleiros e comentaristas que ganham 1.000 Euros mensais e passam férias no Dubai, nas Maldivas e nas Maurícias, tudo fazem para que Angola regresse ao passado, para as mãos daqueles que saquearam o país e se esqueceram dos cidadãos angolanos durante décadas.
Quantas purgas já houveram no Partido Socialista? O que fez Mário Soares a Salgado Zenha? O que fez António Guterres a Jorge Sampaio? O que fez António Costa a António José Seguro?
Onde há ladrões há dinheiro fácil, onde há dinheiro fácil há promiscuidade, é neste lodaçal pantanoso onde a verdade e a mentira se confundem, que se tece a teia onde estão aprisionados a escumalha dependente de um prato de lentilhas.
O mais estranho é que até a Amnistia Internacional (secção portuguesa), e a fantasmagórica cívica, venham defender bandidos que estão foragidos da justiça, e mais estranho ainda, nem uma palavra para a Oposição angolana que tem às costas um vale de defuntos e um somatório de perseguições.
Haja vergonha…!!!