Não acredito no destino, sou mais crente no ADN, mesmo naquilo em que não estejamos qualificados a comentar, há indícios que nos permitem entender o trilho sinuoso de uma figura pública.

Quis com a sua postura habitual, limpa e transparente, o senhor Presidente da República protagonizar uma escolha do PGR assente em todos os trâmites constitucionais. Claro que o país foi surpreendido com a recandidatura de Hélder Pitta Gros, não só pela sua opaca operacionalidade mas também pelo seu pedido de demissão do cargo num tempo não muito distante.

Os mais otimistas pensaram que o reconduzido PGR aproveitaria, com um golpe de efeito mediático, silenciar os críticos pelo seu laxismo, e até cumplicidade com nichos foragidos e prevaricadores a contas com a justiça.

Mas o que nos é servido pela PGR é mais do mesmo, não respostas públicas que demonstrem ação judicial, continuamos a assistir a uma impunidade pública de detratores das instituições, e Angola a ser preterida internacionalmente na vertente judicial, em contraponto com o prestígio galopante do governo e a afirmação global de João Lourenço. Sem querer ofender intelectualmente o senhor PGR, permitam-me que diga que me interrogo, face ao silêncio continuado de Hélder Pitta Gros, se Angola não terá neste pilar da democracia e do Estado Democrático de Direito, um bloqueio gigantesco ao seu desenvolvimento económico e social.

A justiça nacional não pode ser medida pelos valores arrestados, os cidadãos não compreendem como desfilam em luxos mediáticos, impunes, os ladrões, saqueadores, e muito menos políticos e ativistas que desafiam a autoridade, agridem as instituições, e são um elemento de instabilidade pública, que se alimentam de medo, mentiras, intrigas, e que colocam perenemente em causa a Soberania Nacional.
Senhor PGR é hora de actuar com visibilidade, mas se está comprometido e de mãos atadas, não destrua a dignidade do cargo, demita-se.