Passeando por Lisboa, em cada esquina há um angolano conhecido, em cada restaurante, uma conspiração em curso contra o governo de Angola, em cada redacção de jornal ou TV um núcleo guerrilheiro empenhado em derrubar o Presidente de Angola.
Torna-se estranho que um país que diz ter relações amigáveis Estado-a-Estado com Angola, e que agora ainda tenha reagido com rapidez e “total solidariedade” com Lula após o assalto aos três poderes em Brasília, permita dentro das suas fronteiras e debaixo do seu nariz o desenrolar de tanta conspiração contra Angola. É preciso não esquecer que Portugal demorou semanas a reconhecer a vitória eleitoral de João Lourenço enquanto congratulou Lula após cinco minutos da divulgação dos resultados provisórios.
Começa a parecer que há uma ambiguidade estudada nas relações oficiais de Portugal com Angola, fingindo que está tudo no melhor dos mundos, mas acolhendo e patrocinando várias movimentações conducentes ao derrube ilegal do governo.
Obviamente, que o relacionamento fraterno entre os povos angolanos e português não deve deixar de perceber esta ambiguidade e exigir, no mínimo, um pronunciamento à embaixada de Angola em Lisboa.
Lisboa não se pode tornar um centro activo de conspiração contra o governo de Angola.