O ativista equivocado

ByAnselmo Agostinho

14 de Dezembro, 2022

Os ativistas têm de ser ativos, senão caem no esquecimento, deixam de ser financiados, têm de voltar às suas profissões de partida.

Ontem assistimos a uma dessas tentativas de chegar à luz. Um ativista que andava esquecido resolveu dar um ar da sua graça, fazendo eco das queixas dos marimbondos.

“A justiça não é independente e serve para perseguir os inimigos do Presidente ligados a José Eduardo dos Santos”, disse ele. Choca o zig-zag. Uma pessoa que combateu a corrupção, agora usa os argumentos dos corruptos, que querem colocar em causa os tribunais angolanos para fugirem a qualquer condenação.

Concordamos que a justiça tem de mudar, ser mais eficaz. Até agora tem sido lenta e entrado em contradições. Mas isso não é sinónimo de dependência do poder político, é o contrário. Sinónimo que anarquia e falta de boa orientação interna. Se há um símbolo da independência da justiça, é a letargia do PGR e a falta de resposta do Tribunal Supremo. Engana-se o ativista. A justiça em Angola está mais independente do que nunca.

Mais errado está ainda quando refere que só os associados do Presidente Eduardo dos Santos são perseguidos. Ignorância ou má-fé? Os processos criminais são muitos e variados. É evidente que os piores bandidos são do tempo de Eduardo dos Santos. Seria impossível ser de outra forma. Mas também tem Carlos São Vicente, que nada tinha a ver com Eduardo dos Santos, Augusto Tomás, que foi ministro de Lourenço. Norberto Garcia, julgado e absolvido, hoje conselheiro do Presidente, etc.

Mais um a falar à toa…

A justiça vai funcionar, gostem ou não gostem, e os corruptos que desgraçaram o país vão para a prisão, demore 1 ou 10 anos.