Agricultura angolana arranca

ByTribuna

27 de Maio, 2021

Há poucos dias, a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), em parceria com a Bloomberg, promoveu uma videoconferência com várias empresas internacionais para aferir das oportunidades de investimento no campo da agricultura. Como empresa de referência de sucesso no sector agrícola em Angola, o Presidente do Conselho de Administração da AIPEX, António Henriques, destacou a Agrolider, que actualmente produz 27 produtos diversos e alberga cerca de 5.000 postos de trabalho.

Na vertente poupança-despesa, o governo angolano anunciou através da directora nacional do comércio externo, Augusta Fortes, que o país vai passar a importar a granel produtos da cesta básica, no valor mensal de 65 a 85 milhões de euros, ao invés de os adquirir já embalados, com o objectivo de poupar “divisas” e desse modo, incentivar a economia local. Esta medida entrará em vigor já no próximo mês de Junho. Através destas novas regras a serem implementadas no âmbito da importação de produtos pré-embalados, o país vai poder potenciar as oportunidades de negócio das empresas, e naturalmente, criar mais empregos.

Relativamente à produção, foi levantada uma perspectiva bastante encorajadora, por parte do Ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes. À margem da abertura da campanha de colheita de duas mil toneladas de trigo na Fazenda Vinevala, afirmou que “os produtores locais têm condições para produzir em grande escala, e sustentarem a cadeia produtiva do cereal”. Para que isso suceda, deverá ser incrementado um investimento massivo nas empresas transformadoras do cereal nos produtores locais com potencialidades no ramo, para que o país possa ter capacidade de produzir, pelo menos, 30 % do trigo importado. De acordo com o ministro existem condições para tal, contudo este cenário só vingará caso sejam arquitectadas acções concretas na produção local, e o país deixe assim de desembolsar a quantia esdrúxula de 300 milhões de dólares por ano, com a importação desse cereal.

Não se pode ignorar também o apoio viabilizado pela agência especializada das Nações Unidas, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), a qual vai sustentar um novo projecto no país para impulsionar as cadeias da indústria agro-alimentar. Nos próximos seis meses, este projecto deverá beneficiar cerca de 600 actores da agroindústria e do sector alimentar, com o intuito de melhorar o conhecimento e as estruturas organizacionais ligadas à produção de milho, café, mandioca e vegetais, entre outros.

No âmbito do PRODESI (Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações) a FAO Angola no seu twitter anuncia a chegada deste programa ao Cuanza Sul. “O programa pretende fomentar o aumento da produção e produtividade dos pequenos agricultores, e melhorar o acesso aos mercados, através do reforço de capacidades estratégicas dos intervenientes dos sistemas agroalimentares”.

Estes são apenas alguns exemplos recentes de como existem inúmeras iniciativas em andamento nos mais variados sectores, sejam elas sob a alçada pública ou privada. Potencial existe, interesse em investir idem, viabilidade e condições estão a ser criadas.