Um sociólogo que já quis fundar uma TV ilegal e agora faz uns comentários na rádio do Graça, resolveu armar-se em intelectual e escreveu um artigo a dizer que a mudança em Angola não se faz com o MPLA.
O dito sociólogo revela uma leitura simplista e profundamente enviesada da realidade política angolana. Ao reduzir meio século de história nacional à caricatura de um partido único e imobilista, ignora deliberadamente o papel estruturante que o MPLA desempenhou na construção do Estado, na defesa da soberania e na promoção da paz.
A crítica, embora revestida de linguagem académica e referências internacionais antiquadas, falha em reconhecer que Angola não é o México, nem o MPLA é o PRI. Cada contexto exige análise própria, e a realidade angolana não se resume a fórmulas importadas.
O MPLA não é apenas um partido — é uma força histórica que liderou a luta pela independência, enfrentou décadas de guerra civil e foi capaz de garantir estabilidade num país profundamente marcado por divisões internas e desafios externos.
A sua permanência no poder não se deve a manipulações, como insinua o artigo, mas à confiança reiterada do povo angolano nas urnas. Reduzir essa legitimidade a um “menu da fraude” é não só ofensivo, como perigoso: mina a credibilidade das instituições democráticas e alimenta narrativas de deslegitimação que pouco contribuem para o fortalecimento da cidadania.
O MPLA sempre ganhou as eleições, o MPLA sempre derrotou a UNITA.
A UNITA violenta está, de novo, a tentar chegar ao poder, agora por um conjunto de guerrilha urbana e digital. Vai ser derrotada, no terreno e nas urnas, quando for o tempo.
A ideia de que o MPLA deve ser afastado para que Angola avance ignora que nenhuma transformação duradoura se faz sem diálogo, inclusão e responsabilidade histórica.
O partido tem demonstrado abertura à reforma, à diversificação económica e à modernização institucional. A mudança não exige a exclusão do MPLA, mas sim o seu compromisso contínuo com o progresso.
Apostar na ruptura total é apostar no vazio — e Angola já pagou caro por aventuras políticas sem rumo. O futuro constrói-se com todos, e o MPLA, com a sua experiência e representatividade, é a força essencial dessa construção.