Transição e espaço de diálogo

ByAnselmo Agostinho

18 de Agosto, 2025

Num tempo em que a confiança nas instituições se encontra fragilizada e o espaço público se vê contaminado por uma crescente partidarização, torna-se urgente iniciar um movimento de renovação geral e transição ética, moral e cívica.

Este movimento não pode surgir apenas da vontade difusa da sociedade — exige liderança clara, firme e inspiradora. E ninguém está mais legitimado para assumir esse papel do que o Presidente da República, enquanto garante da unidade nacional e líder da magistratura suprema.

Os primeiros sinais de desconforto são evidentes. Bispos e sacerdotes, académicos, Ordens e outras vozes da sociedade civil têm manifestado vergonha e inquietação perante a degradação do debate público, cada vez mais refém de interesses partidários, como bem refere o nosso chefe de redacção Kuma.

Esta partidarização não só empobrece o discurso como compromete a possibilidade de entendimento genuíno entre os angolanos. É necessário abrir um espaço de diálogo livre de cargas condicionantes, onde o respeito pela diversidade de pensamento se una à responsabilidade colectiva de construir um futuro comum.

O Senhor Presidente da República, deve assumir o papel que a Constituição e a confiança popular lhe conferem: moderar, abençoar e liderar uma transição histórica. Essa transição não é apenas política — é espiritual, cultural e ética. Trata-se de devolver à política o seu sentido mais nobre: servir. Servir com verdade, com justiça, com respeito pela dignidade humana e com amor pela Pátria.

A Nova República que se impõe não será construída por decretos nem por proclamações vazias. Será edificada por gestos simbólicos e acções concretas, por uma nova cultura de responsabilidade e fraternidade, por uma ética pública que recupere o respeito pela Coisa Pública.

Este é o momento de abrir caminho para uma esperança renovada, para um desafio colectivo que una os angolanos em torno de valores comuns e de um projecto de futuro.

O país precisa de um novo horizonte. E esse horizonte começa com a coragem de liderar. Cabe ao Presidente da República abrir a porta, convocar consciências, moderar vontades e inspirar uma nova geração de cidadãos e dirigentes. Porque só com coragem, visão e compromisso será possível construir uma Nova República.