Não, não é nem será o princípio do fim, Angola já conquistou a eternidade porque é património dos angolanos livres, homens da terra angolana, com alma enraizada no chão que lhe pertence por direito identitário. Mas esta conquista está ferida por uma beligerância ancestral, movida por interesses antagónicos, que se disfarçaram na euforia da conquista, mas que hoje se manifesta inconveniente e insuportável na construção da Nação angolana.

Ultrapassamos os tempos da libertação, sepultamos um colonialismo secular, herdamos grilhetas e fronteiras que nos dividem ferozmente, muita gente se enganou, outros infelizmente confundiram o País com uma coutada e fizeram-se donos esquecendo-se que a Pátria era de todos.

João Lourenço iniciou uma mudança profunda, mexeu com os instalados e seus cúmplices, tornou Angola na rota do desenvolvimento, credibilidade e estabilidade, mas esbarrou num Estado capturado por vícios, com engrenagens emperradas em compromissos institucionalizados, e com um espectro político que atingiu a caducidade, com uma República musculada em que o Chefe de Estado dispersa sinergias na imensidão das incompreensões.

Conquistado que está o espaço na cena global, tornam-se cada vez mais exigentes as respostas aos desafios, um País democrático tem de ter uma identidade política e uma alternativa diferenciadora concepcional, o MPLA está filiado na Internacional Socialista, facilmente pode assumir uma identidade filosófica credível.

Não há milagres, tem de haver coragem, há hoje em Angola, na sociedade mais esclarecida um consenso à volta de uma Refundação do Estado, algo profundo sem pressas, sem contemplações ou cedências ao aventureirismo, é algo inevitável que terá um preço mais elevado quanto tardia for a execução.

Os historiadores têm uma tarefa gigantesca, substituídos os Movimentos, há um momento histórico que tem de ser contado nas escolas o mais rapidamente possível, nas páginas gloriosas residirá a construção o homem angolano do futuro, gigantesco é também o desempenho que caberá ao Senhor Presidente da República na sua execução.