Os Círculos do Graça

ByKuma

6 de Fevereiro, 2025

Tive ontem as minhas páginas digitais inundadas de Graça Campos, são os círculos pestilentos em uníssono a disseminar o vómito de um correligionário que busca protagonismo na bolha caceteira onde sobressai a maledicência.

Este meu humilde desabafo é para, primeiro dizer que não retiro uma vírgula a tudo quanto escrevi até hoje na Tribuna de Angola, os meus círculos são os factos, e garanto aos meu leitores que ainda há muito por dizer, pela vivência, pela perspectiva, e para reafirmar repugnância por bandidos a soldo dos tais círculos, como Dembo Gangsta, companheiro de ACJ “Betinho”.

Há também uma covardia silenciosa, sempre que me desloquei a Luanda, almocei, jantei, em casa do Lukamba “Miau”Gato e sua esposa Felicidade Paulo, acompanhei a sua luta contra Isaías Samakuva, mas separaram-nos negócios e uma subserviência que nunca aceitei.

Apoiei Lukamba “Miau” Gato em Paris e no Luxemburgo, levei, por Angola, Alcides Sakala ao Parlamento Europeu, e tenho-o hoje como o mais capacitado para renovar a UNITA. Todos quantos aqui citei me conhecem, mas quem não está com eles é inimigo a abater, é assim, sempre foi assim.

Normalmente desvalorizo os freteiros da calúnia como Graça Campos, minimizo as suas investidas previsíveis, mas essa dos círculos restritos é de almanaque, é uma comédia que me diz que o imbecil idiota, fala do que não sabe, não conhece, e debita verborreia para justificar a avença.

Estou enfermo feito prisioneiro domiciliar, agarrado a suportes de vida permanentes, ainda assim move-me, enquanto a mente fluir, uma Angola que sempre amei, e que lamento ter perdido tanto tempo como os que hoje, Graça Campos, essencialmente promove, e que nem conhecem o território.

Angola tem uma história por contar, perdeu tempo com ladrões e assassinos, duas faces da mesma moeda, e se os mortos estão enterrados, temos milhões de crianças violadas, aldeias inteiras marcadas pela dor, famílias desfeitas com mães precoce, violadas, muitas delas lançadas à prostituição, foi uma moeda de duas faces que viu a luz da esperança em 2017, mas que só começou a caminhada da higienização em 2022.

Antes de João Lourenço era uma promiscuidade partilhada, havia uma UNITA silenciosa, eram todos iguais, Batista Tchindande, foi governador no Cuando Cubango, fez da sua filha Bela, a maior empresária da província, e arranjou fortuna, mesmo depois do cargo, tinha uma coleção de carros e camiões nos quintais em Luanda, pertencentes ao Governo Provincial do Cuando Cubango. Basta ir à Toyota na Rua dos Quartéis e indagar.

Não falta muito para que Isabel dos Santos vá tornar público os seus avençados, ela tudo está a fazer para regressar a Angola até 2027, e os tais círculos restritos do Graça Campos e outros patetas, irão para a Cucuia pastar.

É inacreditável como num Estado Democrático, se acusa a ação das autoridades que tutelam a fiscalização e regulação, de estancarem um desvio de milhares de milhões da AGT. Não seria de louvar a sua eficácia?

Meu caro Graça Campos, como sei que quem traz também leva, deste meu recato onde a esperança já mora numa solidão escura, devo dizer-lhe que Angola já atingiu um estágio democrático, onde os ACJ “Betinho”, os Gangsta, seus “compagnon de route”, feitos e moldados “Mondlanes” de Angola, não terão lugar, só uma autoridade solidamente democrática, essencialmente constituída, não permitiu que surgissem até agora, vocês bem os promovem, mas o Povo despido de medo e vestido de esperança, não permitirá.

Quem conhece Angola e a sua herança portuguesa, sabe que não há confronto político por ausência de ideologias, a disputa pelo Poder constrói-se assente num sentimento de inveja e de posse, João Lourenço ou Garcia Miala, seriam sempre combatidos pela mendicidade invejosa, são nichos de políticos profissionais que num País cheio de oportunidade vivem da política e sonho de Poder.

Nunca Angola desde a sua Independência teve uma projecção internacional como hoje, isso faz-se com credibilidade, seriedade, responsabilidade, e identidade, tivemos um passado que tantos desejam em tudo valia pelo dinheiro, por isso cada um roubou mais, havendo gente escandalosamente rica entre milhões de pobres, são esses que hoje patrocinam albergues como a Essencial.  

O que ergueu a UNITA em 50 anos de Independência? Mortes, destruição de infraestruturas, vão ao Longonjo, município do Huambo, tenho lá 5 tios todos do MPLA, e viram o pai, meu avô, morto selvaticamente, a pontapé, por militares do Galo Negro. Eu mesmo tenho marcas da guerra, acreditei, enganei-me, percorri a Angola mais profunda, chorei de sede, fome, e tive medo do silêncio, hoje sobrevivo com drogas farmacêuticas, 14 comprimidos por dia, e ainda hoje não sei qual a ideologia da UNITA, já foi o Aparthaid da África do Sul, já foi a CIA americana, e também a exploração à escala indústrial, de diamantes, ouro, e marfim, bens dos angolanos.

Tenho pavor da UNITA para Angola, mas não sou do MPLA, sou livre, autónomo, vivo da minha reforma e da solicitude familiar, vejo em João Lourenço o começo de uma era de desenvolvimento e prosperidade, uma tarefa hercúlea face à herança recebida.

O mundo não está para contemplações, não há lugar para sonhadores, tem de haver protagonismo e pragmatismo, mas há um absurdo que emerge aos olhos dos parceiros internacionais, os próprios obstáculos que o Senhor Presidente da República tem internamente, e que obrigam a um dispêndio de sinergias que os ignorantes idiotas estranham, porque não têm noção de Estado nem de governabilidade.

Vir para terreiro público discutir vigarices, se ACJ “Betinho” não quer pagar a Abel Chivukuvuku, se a Fundação Jonas Savimbi não quer nada com a UNITA, tem efeitos colaterais no jogo pretensamente escondido, onde vem à tona a crítica dos festejos do cinquentenário da Independência para mostrar, que a Oposição não tem nada para festejar, nenhuma conquista que não seja seja destruição e morte.

Não vou ficar por aqui, enquanto vislumbrar vendedores dependentes como Graça Campos e outros emissários subversivos, não hesitarei um instante na luta pela minha terra.

Não conheço, nunca falei pessoalmente com João Lourenço, Fernando Miala, nem nenhum dos seus ministros e dirigentes com grandes responsabilidades de Estado, tenho familiares nas Forças Armadas, e colegas de estudos que são juízes, professores académicos, e amigos de infância em quase todos os municípios do Huambo. 

Quanto a si Graça Campos, mesmo que debite o maior dos insultos, fico por aqui, sinalizei apenas a diferença, nada do que possa vir da sua parte me incomoda, de invenções e círculos restritos, há muito dei o meu contributo.