Tocam as trombetas do fim do ano. O que podemos dizer aos angolanos que nos lêem?
Este foi um ano difícil em que predominaram as mistificações. A névoa que se tenta lançar nas mentes é tanta, que cada vez é mais difícil distinguir a verdade da mentira, o sucesso do fracasso. O país andou para a frente. É, hoje uma potência regional reconhecida na África Austral, a construção do desenvolvimento está em curso.
Contudo, a abertura política ensaiada por João Lourenço que coincidiu com o início do combate à corrupção, criou um cenário em que as alianças mais estapafúrdias tiveram lugar. Os caciques do passado tornaram-se aliados dos inimigos pretéritos. Hoje é lugar comum ver jornalistas e activistas que lutaram pelos direitos humanos, que foram vítimas dos generais e oligarcas dos tempos santistas, de braço dado com os seus algozes. Num milagre impossível, algozes e vítimas uniram-se, beneficiando da abertura política com um só fito: derrubar João Lourenço e terminar com o combate à corrupção.
O combate à corrupção sofre em si mesmo na falta de preparação do poder judicial ( ou falta de vontade…), que não corresponde ao apelo político do Presidente da República. Os Angolanos esperam uma renovação final, impetuosa, deste combate.
Há muito a fazer, mas a prioridade tem de ser em terminar com esta aliança infausta que coíbe o desenvolvimento do país. São forças de bloqueio que impedem o progresso, autênticas areias na engrenagem que é fundamental debelar para criar uma Angola próspera.
Mas, se há que terminar esta aliança infausta, também é tempo de privilegiar a competência e a organização nos negócios do Estado. Não basta a retórica, não são suficientes as boas intenções.
São precisas equipas dedicadas à causa pública (e não aos bolsos privados), equipas que saibam (e não imitem mal os estagiários externos que descem de paraquedas em Luanda), equipas leais e fiéis ao Presidente da República, com sentido de missão, que se tornem na força concretizadora nas promessas políticas do Presidente da República.
Palavras, charlatanices, conversa fiada, devem ser deixadas para as oposições, para os avençados dos generais e oligarcas do passado. É necessária acção, concretização dos sonhos de todos os angolanos.
O sistema político não é um dogma. Tem de se estudar qual o melhor sistema que serve Angola, neste momento e que obedece ao consentimento do povo. Possivelmente, terá de haver um sistema que privilegie a competência sobre a demagogia, a operacionalidade sobre a conversa fácil, os resultados sobre os processos longos e complicados.
O caos espreita abraçado ao passado. Não queremos nem um, nem outro. Queremos o futuro e esperamos que João Lourenço nos abra o caminho desse futuro, que é de todos nós.