Vende-pátrias

ByAnselmo Agostinho

26 de Setembro, 2023

Sempre os mesmos. Aqueles que nos anos 1980s venderam a pátria à extrema-direita sul-africana e americana, são agora ( e os seus herdeiros), os que vociferam contra a excelência das relações do executivo de João Lourenço com a administração norte-americana, cantando loas à China.

Esta divisão cretina de bons (China) e maus (EUA) é mesmo demonstrativa da falta de cérebro desta gente que nos próximos dias nos vai encher os ouvidos a dizer que os EUA não dão nada a Angola e a China dava tudo. Será tudo um disparate, mas será a nova narrativa, culpando João Lourenço, novamente, de todos os males, agora por ser amigo dos EUA e inimigo da China.

A verdade é bem diferente. Em primeiro lugar, o governo mantém um alto nível de relacionamento com a China. Não é inimigo da China, muito pelo contrário. Os países menores é que têm de se colocar debaixo de chapéus de grandes potências. Um país com o historial de luta de Angola e o prestígio que granjeou no centro-sul africano, pode afirmar a sua soberania sendo amigo da China e aproximando-se dos EUA.

É uma política externa de soberania activa que os detractores não entendem. Com a China há excelentes relações e continuará a haver, até porque deverá existir muito em breve uma consolidação equilibrada da dívida. A própria China é adepta duma política externa de coexistência pacífica.

Tal não implica que não se construa uma base sólida de relacionamento independente e soberano com os Estados Unidos. África está infestada de agitação e subversão. A guerra espreita um pouco por todo o continente. Angola é dos poucos países que pode oferecer um mar de estabilidade e uma projecção de forças que garanta a tranquilidade no continente. Os Estados Unidos também são investidores e os primeiros na inovação financeira. Com isso poderão trazer a Angola um dinamismo desconhecido, tão habituado que o país ficou à burocracia portuguesa colonial a que se seguiu a burocracia comunista. A lufada de inovação e dinamismo que as práticas de negócios dos EUA trarão a Angola é o bastante para receber os Estados Unidos e o seu renovado interesse em Angola, agora pela paz e pelo progresso.

É isso que está em jogo, é isso que se defende. Uma política externa baseada na soberania activa. Naquilo que é melhor para a afirmação de Angola como potência regional de paz e progresso.