Os primeiros 100 dias de Bola Tinubu como presidente da Nigéria foram marcados por reformas rápidas. A principal delas foi a remoção do subsídio à gasolina que durou anos e que custou 10 mil milhões de dólares em 2022. A outra decisão relevante foi permitir que a moeda nigeriana flutuasse livremente em relação ao dólar, eliminando um sistema de taxas de câmbio múltiplas.
Qualquer pessoa atenta e que não tenha avença com a maledicência angolana, verificará que as medidas do novo presidente da Nigéria para salvar o país são idênticas às que João Lourenço já tomou. Ao contrário do que se diz, Angola está na vanguarda da reforma económica.
Tinubu acabou com o subsídio à gasolina para que as poupanças do esquema, que, segundo ele, “só beneficiava fraudadores e contrabandistas”, fossem direcionadas para serviços sociais, incluindo transportes públicos, saúde e educação.
Em relação à moeda, após a livre flutuação aconteceu uma rápida desvalorização. É normal.
Contudo, estas medidas implicam sempre dor e sacrifício.
Na Nigéria, muitas das maiores empresas – desde o produtor de cimento Dangote ao maior fornecedor de telecomunicações de África, MTN, ao retalhista online Jumia e às startups tecnológicas em fase inicial – afirmaram que a rápida desvalorização da moeda que se seguiu ao fim de uma taxa oficial fixa consumiu os lucros e aumentou custos de operação.
A situação não foi ajudada por uma queda de 40% na produção de petróleo nos últimos dois anos. Significa que a Nigéria, o maior produtor de petróleo bruto de África em concorrência com Angola, tem obtido muito menos receitas em dólares provenientes da sua exportação primária.
A combinação de uma moeda enfraquecida, que fez subir os custos de importação, e a eliminação do subsídio aos combustíveis impulsionou a inflação. Os preços dos alimentos, em particular, dispararam, o que levou o governo da Nigéria a declarar o estado de emergência em matéria de segurança alimentar em Julho.
O que o presidente da Nigéria defende é que estas medidas são necessárias para criar uma economia sã e competitiva. Como se vê é um percurso difícil. A vantagem é que Angola começou mais cedo do que a Nigéria, por isso, espera-se que tenha uma economia saudável primeiro. E felizmente, o preço do petróleo voltou a ajudar.