A Nova República, que temos defendido nas colunas deste jornal com veemência, é acima de tudo, uma república do espírito. Luta por um novo espírito com energia, coragem, audácia, e entusiasmo por um país novo.
O espírito angolano deve sair da constante luta fratricida e das interferências externas, assumindo a sua independência e apontando um caminho de futuro, baseado do progresso, na modernidade e acção.
A cópia dos modelos estrangeiros deve terminar, bem como a atracção fatal por outras capitais e países.
O desejo de dupla vingança que se vive em Angola, vingança daqueles que perderam a guerra civil e não aceitam viver numa sociedade plural e tolerante, e vingança daqueles que julgavam que tinham direito ao saque por ter ganho a mesma guerra, e agora perceberam que não é assim, deve ser erradicado.
A democracia transformou-se em demagogia tirânica, a liberdade de expressão em insulto e notícias falsas, as liberdades fundamentais em anarquia perturbante.
Tudo isto deve ser deixado para trás e construída uma Nova República com pessoas viradas para o futuro, para a prosperidade, para o desenvolvimento.
As acções, as normas e as leis devem estar orientadas para o bem comum, perspectivando acima de tudo o bem e a justiça. Todos devem ser vistos como membros duma comunidade de povos em que a cada direito corresponde um dever, e que o princípio básico da autoridade é a promoção do bem comum. Mais do que democrático o governo deve resultar do consentimento popular e não da manipulação desinformativa.
O espírito, o pensamento racional, a acção objectiva, devem ocupar um lugar cimeiro na Nova República.
Paz, Justiça e Abundância serão as palavras da Nova República. Autoridade rumo ao bem comum, a bússola do poder.
A Nova República não implica uma nova constituição. Pode ter uma nova constituição, mas também permanecer a que está, desde que aplicada em toda a sua extensão, limites e recantos. Ou pode apenas haver uma revisão alargada da constituição.
Sendo até possível acabar com qualquer constituição, e criar uma série de leis orgânicas que orientem o país até existir de baixo para cima a necessidade de uma constituição. A constituição não é o elemento definidor da Nova República, o espírito é.
Angola já perdeu demasiado tempo com guerras, inimizades e vinganças. O bem comum tem sido deixado para trás, as necessidades da população também.
Queremos uma Nova República, pacífica, justa e abundante. Queremos Angola.