Imaginemos que um grupo de comandos especiais angolanos desembarcava no aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, e de forma subtil e efetiva tomava sobre custódia vários ativistas, jornalistas e conspiradores profissionais angolanos, levando-os para Luanda para serem julgados por atos preparatórios de subversão e rebelião.
A gritaria começaria, Angola seria acusada de violar a soberania portuguesa, o direito internacional e sabe-se lá mais o quê. O barulho seria ensurdecedor.
Contudo, o que se passa em Portugal é assustador, do ponto de vista da ordem constitucional angolana. Lisboa tornou-se o epicentro das conspirações contra o governo angolano: ativistas, jornalistas, financeiros, advogados e consultores elegeram a antiga capital do império como o local de encontro para os maiores atos de subversão. Não há dia que não venha um ataque ao governo legítimo de Luanda proveniente de Lisboa. Muitos já só habitam em Lisboa, nem se dão ao trabalho de voltar a Angola, outros andam num vaivém constante. O certo é que o dinheiro flui, as estratégias constroem-se a partir de Lisboa. E o governo português fecha os olhos e deixa que a sua capital se transforme na capital da agressão a Angola.
Ao mesmo tempo, o próprio governo português, de forma sibilina, patrocina a apreensão dos bens angolanos, não para o Estado angolano, mas para Portugal. Entre nacionalizações e decisões judiciais estranhas, vai sendo negada Angola a propriedade dos bens desviados do país, que são entregues a portugueses.
É tempo de inverter este estado de coisas, esperando-se que a nova embaixadora de Angola em Lisboa não faça parte do grupo dos adormecidos, que ocupam os postos sempre a dormir.