José Maria Neves, o recém-eleito Presidente de Cabo-Verde, tinha prometido que a sua primeira visita oficial enquanto Chefe de Estado seria ao nosso país. A convite do seu homólogo, o Chefe de Estado angolano, cumpriu com essa promessa, e está em terras angolanas desde o início da semana.
Dois factores revelaram-se importantes para tal decisão. Em primeiro lugar, Angola tem transparecido e representado uma África destemida e não submissa, que é aquilo que se exige para o futuro. “Angola desempenha um papel de player na região da África Austral, na África Central e em todo o continente africano e na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa)”, sublinhou o presidente cabo-verdiano. O segundo factor é mais institucional. Como Angola preside neste momento a CPLP, isso pode representar uma oportunidade para os dois países reforçarem os seus laços de amizade e cooperação.
A agenda é diversificada e incluiu a apresentação de cumprimentos à direcção do Memorial António Agostinho Neto e a deposição de uma coroa de flores no sarcófago do primeiro presidente angolano. Na ocasião, foi recordado que o médico Agostinho Neto trabalhou em Cabo Verde e que o Hospital da Praia possui o seu nome em sua homenagem. As delegações dos dois países irão também afinar estratégias de cooperação; antes de regressar ao seu país, José Maria Neves vai ter um encontro com a comunidade de Cabo Verde a residir em Angola.
No discurso de boas-vindas, João Lourenço começou por salientar que era importante reflectir sobre as relações bilaterais entre os dois países, e como deveriam projectá-las para o futuro, na perpectiva de as ampliar e conferir-lhes um maior dinamismo. De entre outros aspectos, o Presidente angolano destacou o facto de a delegação de Cabo Verde ter incluído empresários de vários sectores económicos, que poderão criar uma dinâmica valorosa nas trocas comerciais entre os dois Estados.
Antes da chegada a Luanda, o novo Presidente do arquipélago havia realçado que “Angola tem investimentos importantes em Cabo Verde nos domínios da banca, telecomunicações e dos combustíveis. Queremos alargar esta cooperação para outros sectores, designadamente dos transportes aéreos e marítimos e, também, a questão do turismo e do ensino superior, ciência e inovação e toda a área da reforma do Estado e da Administração Pública”, reforçou o chefe de estado. Antes de regressar ao seu país, terá a oportunidade de se deslocar ao Campus da Universidade Agostinho Neto e à Escola Nacional de Administração e Políticas Públicas em Luanda.
Sem embargo os dois países almejarem concretizar todos estes propósitos, já existem actualmente fortes laços de cooperação, dos quais se destacam os acordos assinados de isenção de vistos e de cooperação técnica em vários domínios, como os da educação, defesa, petróleo, diplomacia, agricultura, finanças e administração.