Tirei o dia ontem para me deslocar a pedido de um amigo de longa data, em repasto demorado numa tasca simples numa viela de Lisboa, a dona Albertina caprichou na cabidela com pirão de milho branco.
O tema foram as saudades da terra que está lá longe, tão longe, lembranças enferrujadas, e coisas frescas que teimam em repetir-se no nosso chão, com os lunáticos sempre a espalhar cacos por querer ser aquilo que não são.
Comecemos por Isaías Samakuva e a odisseia do seu tão propagado livro. Começou a ser escrito há duas décadas pelo jornalista Rui Bacelar da RFI, Radio France International, e tinha o propósito de se demarcar da UNITA e denunciar a selvajaria na Jamba, para tal tinha a família toda em Londres.
Entretanto empurrado para a liderança do Galo Negro, recuou e acompanhado apoiado na diáspora por Ernesto Mulato, então na Alemanha, e por Samuel Chiwale e Kamalata Numa nas bases da UNITA, apoderou-se da herança pessoal de Jonas Savimbi e do Partido, e recuou no rumo do livro e a nova versão coincidiu com o falecimento do referido jornalista, em Paris, um avençado dos kwatchas.
O jornalista em Lisboa que está a ultimar o livro, que pediu anonimato, diz ser um livro repleto de contradições, muitas ideias sem documentação de sustentação, resumindo a narrativa, adivinha-se um desejo de afastamento da UNITA e assumir uma postura independente nacionalista, pau para toda colher.
Entretanto toca o telefone e era o Pedro de Joanesburgo a perguntar se Adalberto Costa Júnior estava na posse de todas as suas faculdades mentais. Sem saber que eu estava presente, como leitor diário da Tribuna de Angola já tinha lido a minha posição, que entendo o “Bétinho” de Quinjenge necessitar acompanhamento psiquiátrico.
É que o líder da UNITA num jantar na África do Sul, discursou como se fosse o Chefe de Estado em Angola, apresentou números da sua vitória eleitoral, disparou em todas as direções, multiplicou contradições, até admitiu dar uma pasta ministerial a Isabel dos Santos.
A oratória estendeu-se em mais de uma hora, não tinha ingerido álcool, mas o caldo entornou-se quando elogiou o Apartheid e o colonialismo português, como tempos áureos que ele pensa recuperar.
Confesso que me intrigam as mentes produzidas na UNITA, é gente insana que o Povo sofredor não esquece, constata-se que a fragmentação evidente advém do facto de através de artimanhas, é também um Partido de muitos excluídos, daí ser uma oligarquia déspota familiar, cujas verdadeiras lideranças só mudam com a morte.
Adalberto Costa Júnior é hoje uma figura representativa do idiota útil, do pateta no papel de animação, e a sua insanidade deriva de em momentos de lucidez descortinar a indigência que o destino dos boçais lhe traçou.