Li com atenção o escrito do meu colega Ismael Mateus, dissertando sobre as nuances que envolvem a política angolana, a aceitação dos populismos, e conviver com normalidade com a instabilidade que a todo momento pode descambar numa anarquia.
As contradições da UNITA e MPLA remontam ao período da Luta de Libertação, houve guerra que semeou ódio, houve falhanços que geraram desconfiança, vidas ceifadas, sangue derramado, e um saldo que desenhou um antagonismo rural e urbano, que ainda hoje carece de equilíbrio.
Claro que Ismael Mateus tem uma sensibilidade poética, e parece querer encontrar luz onde há apenas escuridão, a UNITA aceitou uma reconciliação assente na própria sobrevivência, foi derrotada militarmente, e foi salva da humilhação política pelo taticismo de José Eduardo dos Santos, acomodou-se no deslumbramento do iluminismo endinheirado, e sentiu nas áreas urbanas uma indesejável convivência.
Perante a herança caótica, endividamento, crise económica mundial, João Lourenço chega à Presidência da República fragilizado, e com o seu temperamento discreto foi tido como um líder fraco, e a UNITA que nunca se reciclou, avançou claramente para a tomada do Poder que sempre ambicionou.
Não, não, a UNITA do tirano psicopata ACJ “Bétinho” e toda a oligarquia déspota familiar que a domina, não são meros provocadores de um populismo conjuntural, são agentes de estratégias para um regresso ao passado, daí o comportamento subversivo em relação às instituições, e a desvalorização dos pilares do Estado. Fazer o MPLA entrar no jogo é ceder a esta estratégia do Galo Negro.
Angola está coxa porque precisa de uma viragem que abranja o todo Nacional, da Justiça ao Parlamento, do Organigrama do Governo à descentralização, uma nova educação, uma nova saúde, uma nova agricultura, uma nova indústria, uma nova formação, um novo Estado capaz de responder aos desafios da globalização, da produtividade, estancar e quebrar as amarras enferrujadas dos últimos 50 anos.
O Senhor Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, tem hoje, conquistou-a, consolidou-a, legitimidade para a mudança, pode mesmo ser precursor em África de um tempo novo, basta accionar os mecanismos de que dispõe e os explique aos cidadãos.
Pela Nova República…!!!